A gota é um tipo comum de artrite que causa dor intensa, inchaço e rigidez nas articulações, no começo da doença ela costuma afetar uma única articulação (mais comum é a do dedão do pé). Os ataques de gota podem surgir rapidamente e continuar retornando com o tempo, danificando lentamente a articulação que inflamou. Entre os fatores de risco da doença, podemos citar a hipertensão, obesidade, doença renal, etilismo e consumo excessivo de carne ou frutos do mar.  

A gota geralmente torna-se sintomática repentinamente, muitas vezes no meio da noite. Os principais sintomas são dores intensas nas articulações, que se transformam em desconforto, inflamação e vermelhidão. É a forma mais comum de artrite inflamatória em homens e torna-se mais frequente em mulheres após a menopausa. Sua principal causa é depósito de cristais de ácido úrico nas articulações que ocorre pela presença de ácido úrico elevado no sangue por um longo período. Esses cristais se depositam onde não deveriam existir e o corpo entende que tem algo errado e tenta eliminar esse cristal e ao fazer isso ocorre uma intensa inflamação no local, o que gera os sinais da inflamação: dor, calor, vermelhidão, inchaço e dificuldade do movimento. 

A maioria dos casos de gota são tratados com medicamentos, que melhoram os sintomas, previnem crises futuras e reduzem o risco de complicações, como cálculos renais e desenvolvimento de tofos. O objetivo do tratamento é melhorar a crise aguda de dor e inflamação e para isso podemos usar os anti-inflamatórios não esteroides, colchicina ou corticoides. Mas também precisamos evitar novas crises e para isso usamos medicamentos que focam na redução da produção de ácido úrico ou na melhora da capacidade dos rins de removê-lo do corpo. 

Sem tratamento, um ataque de gota atinge seu pico entre 12 e 24 horas após o início. Os pacientes podem se recuperar dentro de uma a duas semanas sem o tratamento, mas com a possibilidade de haver muita dor neste período. É comum os pacientes precisarem ir ao pronto socorro devido a intensidade da dor ser insuportável. 

O diagnóstico pode ser difícil devido aos sintomas da gota serem semelhantes aos de outras doenças e, embora a hiperuricemia ocorra na maioria dos pacientes com a doença, ela pode não estar presente durante um momento de crise, quando é mais comum que os pacientes procurem atendimento médico. A melhor forma de diagnosticar a gota, é através da análise do líquido articular, para isso retiramos o líquido sinovial da articulação afetada com uma agulha e mandamos para análise. Quando o exame acusa a presença de cristais de ácido úrico nesse líquido temos então o diagnóstico de artrite gotosa.

Muitas infecções articulares podem causar sintomas semelhantes aos da gota, testes bacteriológicos também são necessários para descartar a possibilidade de doenças infecciosas. 

A doença pode ser dividida em estágios conforme evolui dentro do corpo do paciente: 

  1. Hiperuricemia assintomática – é possível que uma pessoa tenha níveis elevados de ácido úrico sem quaisquer sintomas externos. O tratamento medicamentoso não é necessário nessa fase. Mas é preciso investigar e entender a causa para isso estar acontecendo. Muitas vezes medidas não medicamentosas devem ser tomadas para tentar reduzir esse ácido úrico.
  2. Gota aguda – esse estágio ocorre quando os cristais de urato depositados repentinamente causam inflamação aguda e dor intensa. Esse ataque repentino normalmente cede entre 3 a 10 dias. As crises podem ser desencadeadas por eventos estressantes, ingestão excessiva de álcool e carnes (famoso “depois de um churrasco no domingo”), bem como clima frio, internações e cirurgias.  
  3. Intervalo ou gota intercrítica – esta fase é o período entre os ataques de gota aguda. As crises subsequentes podem demorar meses ou até mesmo anos. Entretanto, se não tratadas, com o tempo podem durar mais e ocorrer com maior frequência. 
  4. Gota tofácea crônica – este é o tipo mais debilitante de gota. Danos permanentes podem ter ocorrido nas articulações e nos rins, e o paciente pode sofrer de artrite crônica, além de apresentar grandes caroços de cristais de urato nas articulações dos dedos. Felizmente, é normal que um longo período de tempo seja necessário para que a doença atinja esse estágio. 

Causas

Como mencionado acima, a gota é inicialmente causada por um excesso de ácido úrico no sangue – também conhecido como hiperuricemia. Isso acontece por dois motivos principais: um aumento na produção de urato ou uma redução na excreção do urato (pelo rim ou intestino). Se muito for produzido, ou não ser excretado de maneira eficiente pelos rins, pode ocorrer acúmulo com formação de cristais em formato de agulha que provocam inflamação e dor nas articulações e nos tecidos ao redor. A inflamação da articulação frequentemente associada com a gota é a resposta imunológica do organismo na tentativa de remover estes cristais. 

Fatores de risco

  1. Idade  e sexo – os homens produzem mais ácido úrico que as mulheres, embora níveis de urato nelas aumente após a menopausa. Desse modo, a gota atinge um número maior de indivíduos do sexo masculino em comparação com indivíduos do sexo feminino. 
  2. Genética – um histórico familiar de gota aumenta a probabilidade de desenvolvimento da doença pelo paciente. 
  3. Estilo de vida – o consumo de álcool interfere diretamente na remoção do ácido úrico do corpo pelos rins. Além disso, uma dieta rica em purinas também aumenta a quantidade de ácido no corpo, levando a um aumento das probabilidades do paciente desenvolver gota. 
  4. Medicamentos – certos medicamentos podem aumentar os níveis de ácido úrico no corpo, especialmente os diuréticos e remédios que contenham salicilato na fórmula. 
  5. Peso – o excesso de peso aumenta o risco de gota, pois há uma maior renovação do tecido corporal, o que significa produção mais acentuada de ácido úrico como produto residual do metabolismo. 

Entre as maneiras de prevenir a gota, podemos citar:

  • Manter um peso corporal ideal
  • Cuidar da alimentação: Uma dieta com ingesta adequada de proteínas, lembrar de fontes como laticínios e vegetais e evitar ingesta excessiva de carnes vermelhas e frutos do mar. Evitar consumo frequente de bebidas alcoólica e sucos adoçados e de caixinha. 
  • Fazer atividade física
  • Aumentar a ingesta hídrica

Na presença de sintomas sugestivos de artrite ou hiperuricemia converse com seu médico ou procure um reumatologista