A Fibromialgia é uma síndrome clínica que se manifesta por dor crônica generalizada, associada a fadiga, rigidez articular, sintomas depressivos e ansiosos, cefaleia, alterações gastrointestinais e urinárias.

Representa uma das condições médicas mais frequentes na prática clínica dos Reumatologistas, sendo responsável por 14 a 20% dos nossos atendimentos ambulatoriais. Manifesta-se de forma insidiosa, acometendo cerca de nove mulheres para cada homem entre a 3ª e 5ª década de vida, mas também pode ser diagnosticada em crianças, adolescentes e idosos.

Não há causa definida para a Fibromialgia, porém estudos mostram que os pacientes com este diagnóstico apresentam maior sensibilidade à dor quando comparados aos demais indivíduos da população. Em outras palavras, é como se o sistema nervoso central dos pacientes fibromiálgicos interpretasse de forma “exagerada” os estímulos dolorosos, levando a um quadro de dor difusa em todo o corpo. Muitos pacientes queixam-se de dor desproporcional ao serem tocados, abraçados ou até mesmo acariciados, situações que denominamos de alodínea.

Além da dor, cansaço e fadiga ao acordar são queixas apresentadas por 75% destes pacientes. Muitas vezes referem insônia ou sono não reparador, distúrbios do humor, irritabilidade, choro fácil. Por ser uma doença em que as sensações se encontram amplificadas, são comuns sintomas em outras partes do corpo como dor abdominal, constipação intestinal, dormências ou queimação em extremidades, dor de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição da atenção, entre outros.

O diagnóstico da Fibromialgia é clínico e requer anamnese e exame físico detalhados. Exames laboratoriais e de imagem vão nos ajudar a reconhecer possíveis diagnósticos diferenciais que se manifestam de forma semelhante à fibromialgia. Durante exame físico, o reumatologista consegue observar uma grande sensibilidade em pontos musculares específicos, os chamados trigger points.

Desde a elaboração do último consenso sobre Fibromialgia em 2010, o Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu alguns critérios para ajudar no diagnóstico desta síndrome, acrescentando assim a avaliação de novos parâmetros:

  1. Índice de dor generalizada
  2. Índice de gravidade dos sintomas
  3. Sintomas presentes por no mínimo 3 meses
  4. Exclusão de diagnósticos diferenciais

Por se tratar de uma doença crônica que apresenta diferentes espectros de sinais e sintomas, é preciso saber que o tratamento desta enfermidade é prolongado, individualizado e requer acompanhamento médico, psicológico, com fisioterapeuta e educador físico.

A prática de atividade física é um importante pilar no tratamento da Fibromialgia. Os exercícios apresentam efeitos analgésicos e estimulam a liberação de endorfinas que proporcionam melhora da dor, da fadiga e bem-estar.

A psicoterapia possibilita ao paciente melhor enfrentamento da sua dor, assim como tantos outros obstáculos. Em relação aos medicamentos, os estudos contemplam o uso de analgésicos e relaxantes musculares para alívio das dores. Os antidepressivos e anticonvulsivantes são eficazes no controle da dor, dos sintomas depressivos e ansiosos, bem como regularizam o padrão do sono.

Embora não exista cura, a Fibromialgia não é uma doença progressiva e o tratamento multidisciplinar, realizado de forma regular e coesa, pode proporcionar controle dos sintomas e qualidade de vida a estes pacientes.

Dra. Débora Tobaldini Russo Doreto

CRM/MS8381

Clínica Médica – RQE 4629

Reumatologia – RQE 4753