A espondilite anquilosante (EA) é uma forma de artrite que causa inflamação nas articulações, principalmente na coluna e nas articulações sacroilíacas, embora outras articulações possam ser envolvidas. Isso leva a dor e rigidez na coluna lombar e no pescoço (coluna cervical). Em casos mais avançados, essa inflamação pode levar à anquilose – formação de novo osso na coluna – fazendo com que os ossos das vértebras se fundam em uma posição fixa e imóvel.
A EA também pode causar inflamação, dor e rigidez em outras áreas do corpo, como ombros, quadris, costelas e calcanhares. Às vezes, os olhos podem ser afetados (conhecido como uveíte) e – raramente – os pulmões e o coração podem.
A característica marcante da espondilite anquilosante é o envolvimento das articulações sacroilíacas. Essa articulação está localizada na base da coluna, onde ocorre a junção com a pélvis (é comum o paciente se queixar de dor no bumbum).
A EA é um dos tipos de um grupo de doenças chamado Espondiloartrites.
Sintomas
É importante observar que o curso da espondilite anquilosante (EA) varia muito de pessoa para pessoa. Mas o mais comum é acomete homens e ter o início no final da adolescência ou no início da idade adulta (de 17 a 45 anos).
O sintoma mais comum é dor na coluna lombar. Essa dor costuma ser crônica, isto é, durar mais de 3 meses. Tem um inicio de forma silenciosa e piora gradativamente. Costuma piorar com o repouso e ser mais intensa logo de manhã quando acorda. E melhora com o movimento e banho quente. (Os paciente costumam relatar que “acordam travados de manhã e após cerca de 30-40 min vão melhorando lentamente”)
Outros sintomas que podem ocorrer incluem:
- Inflamação e dor em outras articulações como quadril ombros, tornozelos.
- Alterações nos olhos com vermelhidão e dor ocular (uveíte)
- Inflamação no intestino, causando diarréia e dor abdominal
- Fadiga e emagrecimento
- Alterações cardíacas ou pulmonares.
Causas
Embora a causa exata da EA seja desconhecida, sabemos que há uma complexa relação entre fatores genéticos e ambientais com alterações no microbioma e/ou estresse mecânico.
Paciente com Espondilite Anquilosante podem possuir um gene que produz um “marcador genético”, uma proteína chamada HLA-B27. Este marcador é encontrado em cerca de 85-95% das pessoas da população caucasiana com Espondilite Anquilosante. É importante observar, entretanto, que não é necessário ser HLA-B27 positivo para ter EA. Além disso, a maioria das pessoas com esse marcador nunca desenvolve espondilite anquilosante.
Os cientistas suspeitam que outros genes – junto com um fator ambiental desencadeante, como uma infecção bacteriana, por exemplo – são necessários para ativar a Espondilite Anquilosante em pessoas suscetíveis. O HLA-B27 provavelmente responde por cerca de 30 por cento do risco geral, mas existem vários outros genes trabalhando em conjunto com ele. Os pesquisadores identificaram e estudam mais de 60 genes que podem estar associados com EA e doenças relacionadas. Entre os genes-chave mais novos identificados estão ERAP 1 e IL-23R.
Uma hipótese clássica é que a EA pode começar quando as defesas do intestino se rompem e certas bactérias passam para a corrente sanguínea, desencadeando mudanças na resposta imunológica.
Diagnóstico
O reumatologista é comumente o tipo de médico que faz o diagnóstico da espondilite anquilosante, pois são especialmente treinados para diagnosticar e tratar distúrbios que afetam articulações, músculos, tendões, ligamentos, tecido conjuntivo e ossos. Uma história clínica e exame físico completo, além de histórico médico individual e histórico familiar de EA, bem como exames complementares, incluindo raios-X e exames de sangue são necessários para fazer um diagnóstico. Portanto o diagnóstico é feito por um médico reumatologista e não por um exame isolado de imagem!
Os ponto gerais levados em consideração ao fazer um diagnóstico de EA são:
A clínica –
- O início da doença comumente ocorre antes dos 45 anos de idade;
- A dor persiste por mais de três meses (também chamada de dor crônica);
- A dor nas costas e rigidez pioram com a imobilidade, especialmente à noite ou de manhã cedo;
- A dor e a rigidez nas costas tendem a diminuir com atividades físicas e exercícios.
O exame físico –
- Presença de artrite ou entesites
- Coluna lombar retificada
- Manobras positivas para inflamação da sacroiliaca
- Redução da mobilidade da coluna cervical e lombar
As alterações nos exames –
- Rx de sacroiliacas e/ou coluna lombar alterações típicas
- RNM de sacroiliacas ou coluna com sinais de inflamação ou alterações de dano
- Exames de sangue com sinais de inflamação (VHS e PCR)
- Pesquisa do HLA-B270
Tratamento
O tratamento vai variar conforme os sintomas e a gravidade da doença. O objetivo é: a melhora dos sintomas, voltar a desempenhar suas atividades e evitar os danos e sequelas articulares.
Mas para todos é muito importante a atividade física e o treinamento postural.
O tratamento com medicamentos pode ser necessário para reduzir a inflamação e evitar o dano na articulação. Os medicamentos mais comumente usados são:
- Anti-inflamatórios não esteroidais: controlam a dor e a rigidez.
- Imunossupressores orais: sulfassalazina e metotrexato (podem ser necessários quando há artrite das articulações que não a coluna)
- Imunossupressores injetáveis (terapia imunobiológica): os chamados anti-TNF e os Anti-IL17